Crispiniane de Agostini nasceu num casebre, na Itália, em 1623. Exerceu o catolicismo após a Igreja ter praticamente encampado (abandonado) a doutrina fundada por Francisco de Assis, que era uma instituição à parte.
Crispiniano serviu por um período relativamente curto, pois tinha muitas dúvidas e algumas divergências relacionadas às determinações da Igreja e do clero.
Quando ainda em tarefa no sacerdócio, conheceu um menino que lhe pediu auxílio para o pai que sofria de grave enfermidade.
Mas, naquele instante, Crispiniano deixou que a tarefa que estava indo desempenhar para a Igreja falasse mais alto, embora em seu íntimo desejasse fortemente auxiliar o pobre menino. Negou o auxílio e seguiu em missão, prometendo ajudar quando retornasse.
Entretanto, quando voltou e passou pelo mesmo menino que lhe pedira ajuda, ele estava, infelizmente, órfão.
O Frei, condoído do fato, resolveu romper com a Igreja.
Depois de meditar, chegou a conclusão que poderia fazer mais pelos irmãos necessitados estando fora dos limites daquela doutrina. Decidiu, a partir daquele momento, viver para auxiliar o próximo de maneira verdadeira.
Convidou o menino, de nome Giulliano, que aceitou o convite, e seguiu em busca de um local para fundar uma casa de assistência.
Giulliano tinha algumas limitações causadas por uma deficiência. Possuía o cérebro maior do que o normal que, na verdade, não atrapalhava em nada – sabia ele compreender o nosso irmão Crispiniano como ninguém, além de possuir um ótimo caráter.
Depois de muito caminharem e receberem muitas negativas encontraram uma casa ampla, que já tinha sinais de destruição, causados por guerras de família.
O proprietário encontrava-se muito entristecido pela morte dos familiares e decidira partir para Roma, vendendo o imóvel.
Ofereceu então o tal empreendimento ao Frei Crispiniano que por não possuir recursos, não pôde concretizá-lo.
Com pressa em partir, o proprietário pediu uma prece ao Frei, abençoando a sua viagem.
Crispiniano fez uma oração que trouxe ao proprietário daquele imóvel uma grande paz de espírito, um consolo espiritual, o fortalecimento que ele tanto buscava.
O senhor sentiu-se tão grato pela mudança de seu estado íntimo, que decidiu doar o imóvel, agora sensibilizado com o objetivo cristão de Frei Crispiniano.
Todavia, o Frei propôs usar a construção e cuidar desta enquanto os herdeiros que pudessem existir, não reclamassem o direito de posse.
Assim, nasce a “Casa Cantinho de Luz”. O local receberia os irmãos mais necessitados, onde seria disponibilizado refeições, estadia, abrigo e muito, muito amor.
A construção ficava num local belíssimo, próximo a um bosque e muitos irmãos passaram por lá. Alguns mais fortalecidos, ficaram para ajudar aos outros que chegavam.
A obra sofria com a escassez de todos os gêneros e com um tenebroso inverno, mas farta era a vontade e o ânimo daqueles que queriam ajudar a curar as feridas alheias.
Viveram assim, sem conforto material, mas com enorme bom ânimo e sorriso fraterno para com todos.
Frei Crispiniano, muito tempo depois, contraiu grave enfermidade, sendo cuidado amorosamente por Giulliano que limpava as chagas de seu corpo. No momento do desencarne o bom Frei teve tempo de dizer: “Amemos sempre toda a humanidade, meus irmãos! Só assim retiraremos as dores de todas as mazelas, reformando o mundo de nosso Deus!”
Giulliano continuou a tarefa Cristã juntamente com outros irmãos, especialmente Arlete, que havia sido auxiliada pelo Frei.
Tempo depois, Giulliano também desencarnou.