Bezerra de Menezes

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Adolfo Bezerra de Menezes, desde pequeno, já demonstrava uma forte característica humanista, apesar de não termos muitos registros sobre a vida dele quando criança e jovem.

Ele escolheu ser médico, não porque tivesse em si o desejo de enriquecer, tão comum nos dias atuais devido à degradação de valores em que vivemos. Sua escolha se baseava no desejo de aliviar o sofrimento alheio que ele tanto presenciou, vivendo grande parte da sua vida no Nordeste brasileiro, que ainda hoje carece em muitos locais de mínima assistência com relação à saúde.

E é com esse “espírito” que ele vem estudar Medicina no Rio de Janeiro, demonstrando durante o curso uma madureza de caráter impressionante, pois estimado e respeitado por todos, era procurado não somente por causa da sua dedicação à causa médica no sentido mais elevado do termo, mas também por sua bondade natural que a todos contagiava.

Ele se forma e é nesse período que se inicia a sua vivência cristã de fato, a sua dedicação total, em todos os momentos e lugares, aos ensinamentos do nosso amado Irmão Jesus.

Atendia de manhã e à tarde em seu consultório com uma fidelidade impressionante à caridade verdadeira, pois atendia a todas as pessoas que lá chegavam, mas só cobrava dos que podiam pagar.

Inúmeras vezes Bezerra ajudava de várias formas aos que eram atendidos sem condições financeiras. Medicamentos, alimentos, e até mesmo o dinheiro das outras consultas eram oferecidos por ele às pessoas que iam com suas doenças e seus dramas existenciais, encontrando muito além do médico e do humanista, mas o irmão, alguém verdadeiramente fraterno.

Numa época com poucos hospitais públicos e com serviços ainda de difícil acesso, seja pela distância, seja pela ausência de pessoas nos hospitais, não poucas vezes essa bondade lhe fez atender à noite também, particularmente aqueles que não possuíam recursos e que sabiam poder ter em Bezerra o auxílio tão necessário. E, naturalmente, a todos atendia sempre, sem cobrar qualquer centavo, porque o fazia movido mais pela compaixão, pelo real sentimento de ajudar ao próximo, sem qualquer interesse financeiro.

“O médico verdadeiro não tem o direito de acabar a refeição, de escolher a hora, de inquirir se é longe ou perto. O que não atende por estar com visitas, por ter trabalhado muito e achar-se fatigado, ou por ser alta noite, mau o caminho ou tempo, ficar longe ou no morro; o que sobretudo pede um carro a quem não tem como pagar a receita, ou diz a quem chora à porta que procure outro – esse não é médico, é negociante de medicina, que trabalha para recolher capital e juros os gastos da formatura. Esse é um desgraçado, que manda, para outro, o anjo da caridade que lhe veio fazer uma visita e lhe trazia a única espórtula que podia saciar a sede de riqueza do seu espírito, a única que jamais se perderá nos vaivéns da vida.”

O Político

À essa época, ele casa e foi procurado por essa bondade que irradiava e que a tantos ajudava dos dois lados da vida, para ser representante do povo na política. Ele relutou, como sabemos, mas sua capacidade de ajudar ao próximo era maior. Talvez o compromisso, o tempo dispensado e algumas questões práticas possam ter sido o motivo de sua prudência em assumir mais um compromisso. É nesse período que veremos a política se transformar num instrumento de elevada compreensão de servir ao próximo, pois poucas vezes encontramos homens que se dedicam à política empreenderem tanto bem à humanidade.

O Espírita

Bezerra era católico, e uma enfermidade pertinaz lhe faz entrar em contato com a doutrina espírita, que chegava recentemente ao Brasil. A cura, proporcionada por um médium inspirado por um bom espírito que receitou medicamentos homeopáticos a ele, o impressionou profundamente.

Senhor de uma lucidez e de um raciocínio lógico brilhante, ele foi ler O Livro dos Espíritos para entender o fenômeno que havia experimentado, e confirmou o que já possuía de forma intuitiva, conforme suas próprias palavras:

“Abri o livro e prendi-me a ele, como acontecera com a Bíblia. Lia, mas não encontrava nada que fosse novo para meu espírito. Entretanto, tudo aquilo era novo para mim! Eu já tinha lido ou ouvido tudo o que se achava no Livro dos Espíritos. Preocupei-me seriamente com este fato maravilhoso e a mim mesmo dizia: parece que eu era espírita inconsciente, ou, mesmo como se diz vulgarmente, de nascença.”

A partir deste momento, começa a ser espírita e pronuncia-se clara e abertamente para que todos o soubessem. E mais que isso: passou a ser, ao mesmo tempo, um divulgador da Doutrina Espírita. Agora, além de atender aos aflitos encarnados, curando-os o corpo, Bezerra começa a estender a sua bondade àqueles que haviam morrido, desencarnado na linguagem espírita, já que a morte de fato não existe, ajudando-os na cura da alma…

Ele usou o tempo “livre” da noite para as reuniões de atendimento aos espíritos que sofrem e fazem sofrer, auxiliando-os a se libertar das suas dores, por vezes seculares. Mais que isso: começa a divulgar a doutrina espírita em periódicos diversos – um muito conhecido era o jornal O Paiz – procurando, dessa forma, difundir as orientações que os bons espíritos trouxeram a Allan Kardec e que auxiliam na compreensão e na vivência dos ensinamentos que Jesus nos trouxe.

Vivendo profundamente o Cristianismo Redivivo, o Espiritismo, ele assume a responsabilidade de dirigir a FEB – Federação Espírita Brasileira – para constituir um local onde a fraternidade pudesse unir e organizar os espíritas para fazer o bem em nome de Jesus com qualidade e sentimento.

O médico dos pobres

Em Bezerra, encontramos a vivência do Evangelho em todos os minutos do seu dia e não somente em uma hora ou outra.

Em casa, é o pai de família dedicado e afável, exemplo de bondade permanente a todos os seus filhos e às suas esposas.

Atuou a vida inteira para aliviar o sofrimento do corpo com a Medicina dos homens, aplicando a bondade acima de qualquer coisa, doando de si mesmo incontáveis vezes, e dos seus próprios recursos, a todos que o procuraram.

Político, buscou de todas as formas fazer com que a sociedade se tornasse mais justa, equânime e fraterna, conforme a Doutrina Espírita nos esclarece e Jesus tanto nos ensinou.

E finalmente, conhecendo a vida após a morte e a existência da vida antes do nascimento, dedicou-se a aliviar o sofrimento da alma conversando com inúmeros espíritos, ajudando-os a se libertarem dos erros e da dor que provocavam a si mesmos. E servindo ainda como divulgador dessa realidade que compreendida e vivida, pôde, de fato, curar as almas e transformar o mundo em que vivemos.